domingo, 12 de fevereiro de 2012

O vôo de Ícaro.

Como Ícaros em busca do Sol,
vemos nossas asas derreterem perto do sonho,
caímos no mar e dali nos encerramos.
Dói a Dédalo, que enxergando a possibilidade, fez um aviso,
e que fica no mundo,
enquanto o corpo afunda e torna-se nada.

Que caminhos fez com que decidisse ir ao Sol?
Como terá sido aproximar-se dele?
Teria ele se arrependido ao sentir a queda livre?
Teria ele se deixado cair, enebriado, ao ter conseguido voar até onde bem quis?

As respostas se perdem no mar,
junto a um corpo sem asas,
e com ele vão afundando,
sem que Dédalo vá um dia saber de algo.

Em meio à incerteza, o mundo se mostra sem assoalho,
e vendo o Infinito aos nossos pés,
não nos resta mais nada, além de voar por vontade,
sabendo que a esse voar nos resumimos,
e que nesse voar nos fazemos por nós mesmos.

Morreremos todos sem arrancar de Ícaro seus motivos,
e sem saber sobre o segundo que sucede a queda.
Mas acima de tudo, morreremos conscientes
de que nossas asas obedeceram nossas vontades,
de que um dia seremos queimados pelo Sol,
de que alguém ficará sem respostas no mundo,
mas nós, em queda livre,
saberemos de tudo,

Desse tudo que nos constrói,
desse tudo que nós construímos,
pois nosso tudo, nossas verdades e nossos motivos,
apenas a nós pertencem e a nós interessa,
e conosco se encerram junto com nossas asas queimadas.

Um comentário: