Luz amarela distante, fazendo sombra no quarto.
Uma estante inteira de livros lidos,
sem muita gente a quem recorrer,
vejo-me na inquietante e corriqueira situação
de simplesmente deixar minha mente correr como quiser,
e constatando que, por mais que a deixe desimpedida,
ela acaba indo sempre pro mesmo lugar.
Levanto, sem nada que me cubra,
páro de frente ao espelho,
contemplo ali todas as marcas do que fiz ao longo de uma vida curta,
cicatrizes de uma infância ralando joelhos no asfalto mal feito,
Rastros de mãos e bocas,
Os mesmos olhos míopes, corpo mirrado,
como diferença, apenas uma boca intensamente vermelha,
e os cabelos enormes, fazendo um calor absurdo.
como diferença, apenas uma boca intensamente vermelha,
e os cabelos enormes, fazendo um calor absurdo.
Parece que está certo,
muita coisa mudou num espaço curto de tempo,
o quarto agora parece Roma em chamas,
talvez por mim tenha passado um incêndio,
talvez isso explique o quanto pareço desfigurada a quem me conhecia,
mesmo que em carne, o mesmo tenha se mantido.
o quarto agora parece Roma em chamas,
talvez por mim tenha passado um incêndio,
talvez isso explique o quanto pareço desfigurada a quem me conhecia,
mesmo que em carne, o mesmo tenha se mantido.
Desligo as luzes, fones no ouvido,
uma única música e meu corpo adormece,
e após um sono sem sonhos,
nada melhor do que acordar
e ver que ainda habito a mesma pele marcada.
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