quinta-feira, 22 de março de 2012

"Adeus às Armas"

O sangue já escorre pela boca,
quase me sinto engasgar,
percebendo que já não há escapatória,
vou deixando que os suspiros se façam raros.
Não, não precisa buscar ajuda,
apenas fique aqui, comigo, 
o tempo é curto,
em breve será apenas tu na caminhada.
O tiro pegou em cheio, 
esquecemos de averiguar se o outro estava armado,
sempre foste mais safo do que eu,
e eternamente os ecos do seu grito irão pairar nesse vale.
Não deixe que essa lágrima caia,
não se perca em nome de nada,
não fale a ninguém aonde vai me enterrar,
só quero visitas tuas,
mesmo sabendo que ninguém mais lembraria da minha existência.
Cúmplice de outras épocas,
não enfraqueça,
faça jus à força que sempre vi em ti,
nada de odes à minha vida,
sabe bem que dela não se tira muita coisa,
e viveu comigo quase tudo aquilo que mereceria ser lembrado,
mas que com a visão turva, já esqueço.
Tudo aquilo que te disse,
todos nossos silêncios juntos,
tudo aquilo que sabemos sobre nós e sobre o mundo,
em parte morre agora comigo,
e a você, aquele que se vê na eternidade,
cabe ser o aedo da nossa história.
Leva contigo o meu escalpo,
e assim, garanto,
mesmo findada,
continuarei puxando o gatilho pra você.

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