terça-feira, 3 de abril de 2012

Leio Neruda numa tarde de sábado,
atropelando palavras, esquecendo pronúncias,
risos e lágrimas se alternando
na mais sublime das vivências possíveis.
Uma tia morta colabora
na montagem de um cenário perfeito,
e o resto, ficam por conta do acaso e da vontade,
e de toques estratégicos,
nem que seja apenas num fio de cabelo desalinhado,
tentando colocá-lo no lugar.
O sol se põe,
a noite chega,
a luz do poste ilumina um pé,
a luz do computador ilumina todo o resto,
quatro páginas de palavras pedindo pra serem relidas,
organizadas, editadas, publicadas,
recitadas ao pé do ouvido,
vividas mais uma vez,
como foram numa noite de torpor,
que terminou com All Stars vermelhos jogados na sala.
O tempo continua passando,
e aos olhos, vão caindo o melhor dos sonos,
o sono de quem já foi tão feliz
que precisa descansar pra continuar sendo.
O barulho ao longe, é hora de acordar,
hora de dar o último aperto no abraço,
hora de começar a contar os segundos de novo,
hora de voltar à vida prática,
e soltar um suspiro desconsolado
de quem não queria ir embora,
e um suspiro aliviado,
de quem lembra que isso não acabou.

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