Poderia ter virado para
o outro lado,
ter ido pela rua de
baixo,
parado numa padaria pra
tomar um café.
Poderia morar a 30 quilômetros daqui,
ter o cabelo loiro e
1,80 de altura,
usar saia e ouvir U2.
Poderia ter nascido em outro lugar
falar uma língua
qualquer que não
o trôpego e complexo
português.
Poderia estar pelos Jardins
ansiando por um sorvete
de gorgonzola
enquanto desfilaria com
saltos que torneiam minhas pernas.
Poderia estar embaixo da ponte,
tendo mais quilos de
ossos
do que moedas no meu
bolso
me arrastando em troca
de água limpa.
Poderia várias coisas, mas não fiz,
não quis, não pude ou não fui.
Cheguei na hora em que
achei que deveria chegar,
fui para o lado que
quis, pela rua que quis,
deixei pra tomar café
em casa.
E como conseqüência disso tudo,
Estava ali, naquele
lugar, naquele momento, meio sonolenta,
deitada e enrolada num edredom branco.
E não me arrependo.
Não me arrependo.
Sempre adoro a forma como escreve, enigmática e belo!
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